É tudo sobre você.

Todos os dias, após o banho, enquanto me preparo para deitar, olho no espelho e vem uma voz que diz: “para de se cobrar tanto, você, uma hora não estará mais aqui”.

Nesse momento, tenho segundos de consciência. Paro, olho nos meus próprios olhos através do reflexo e repito em voz alta: “Não estarei aqui para sempre”.

A voz segue falando: “Então por quê e para quê você se importa tanto em agradar? Por quê exige amor e atenção? Para quê quer que saibam que você é uma boa profissional? Por quê se compara? Você é um ser humano e tudo isso faz parte na sua condição mas, tem valido a pena?”

Sinto um aperto no coração. Eu não sei responder. Sigo para o quarto.

A voz me segue: “Trata de fazer algo por você. Por nós. Pela humanidade. Pelas próximas pessoas que estarão aqui. Se liberta dessa postura de vítima, de medo, de abandono, de controle. Se liberta da necessidade de ter sempre razão.

O teu tempo aqui está passando. E não viesse aqui para passear, não. Mas também, não viesse somente pagar conta, ser responsável, pensar no futuro. Nãoentra nessa.

Viesse aqui para viver. O que significa: aprender a SER um humano. E ele tem livre arbítrio. Escolha e deixe o outro escolher”.

Essa doeu aqui. Deito na cama, fecho os olhos, mas a voz não me deixa dormir: “Vai atrás de mudar teu ambiente. Quem sabe encontre pessoas fazendo o mesmo que você.

Acorde ouvindo passarinhos. Acorde sorrindo. abraçando, dançando. Se amando. Acorde acreditando. Tendo fé. Se dedicando. Acorde sabendo que o dia virá cheio de desafios. Mas você escolhe honrar a dádiva que é viver.

A conversa me choca, por saber que um dia estarei longe dos meus, mas me trás força por lembrar que, por isso mesmo, devo me concentrar na minha evolução e nos pequenos detalhes.

Assim que adormeço, todos os dias. Percebendo que depois de mim, muitos outros virão e repetirão tudo aquilo que não soltei.

Por isso, repete aqui comigo: honremos a nossa vida vivendo nessa Terra como seres Humanos que querem deixar esse lugar mais evoluído comparado à quando chegou.

Não precisa acreditar na voz. Apenas experimentar.

Ela quer mais

Ela, que se encanta com a simplicidade, no dia a dia, no natural, se prende a ideia de que precisa dele.

Ela se encaixa. Se enquadra. Se limita. Ela vai aceitando e de repente está ali, agradando e se abandonando.

Para ele, o dia começa cedo.

Previsibilidade. Horários. Cobranças.

Não questione tanto. É feio.

Não fale alto. Não gosto.

Não durma muito. Trabalhe.

É como eu quero. Tudo no meu jeito.

A noite chega igual. Não tem vida. Tem regras. Tem rotina.

Sem mudanças.

Ela tão intensa. Está cheia do pouco. Cansada, ela grita:

“Acorda! Cadê você?

Eu quero mais!

Eu, que sou livre.

Leve.

Eu, que fui Leve. Só queria ser livre.

Quero mais cor, sabor, calor.

Quero praia, vento, mãos dadas.

Quero arte, livros, mais vinho.

Quero restaurante, música, café quentinho.

Tão simples.

Tão fácil”.

Ela bate a porta.

E depois de soltar tanta raiva guardada por se perder de si mesma. Ela, sempre esperançosa, volta ao quarto, senta na beira da cama e fala pausadamente para ele: “senta aqui, e me escuta: precisamos viver com gosto. Alegria. Diversão. Essa nossa vida não pode ser em vão.

Você pode me levar ao desconhecido? Dizer mais “vamos ali; trouxe algo para você; estou para o que der e viver ou confia em mim”?

Ele se senta, ouve atentamente, franzindo a testa. Mas pouco entende. Não por querer, mas por simplesmente, não a conhecer.

Ela revira os olhos, abana a cabeça. Se levanta e sai. A rotina segue. Nao há nada que ela possa fazer.

Para onde quer que eu vá

O despertador toca. Anna, acorda atrasada para mais um dia de trabalho, cheio de obrigações e pouca diversão. Ainda de olhos fechados, procura o celular pra desligar o alarme, mas encontra mesmo um envelope.

Ela abre os olhos, se senta na cama e pega o bilhete, em que estava escrito: “mesmo com pressa para sair, abra a caixa que está no chão”. Ela não faz ideia do que se trata, mas decide abrir. Dentro está um livro sem título.

Anna levanta, prepara um café e se senta com o livro na mão. Abre na página 77 e inicia a sua leitura:

“Amor, você é mais. Você é mais do que as limitações das empresas que trabalhou. Mais livre do que as regras impostas sobre o que é o amor. Você é maior do que a lealdade invisível aos nossos ancestrais. 

Filha, você é grande.

Se expande!

Nem todos irão te acompanhar, afinal você está à frente.

Por isso, fique contente!

Você é leve. 

Então por favor, releve. 

Você é arte, é beleza e inteligência. 

Não aceite mais viver na co-dependência. 

Você já é tudo o que quer que os outros sejam para você. 

Filha, sai de casa, arruma teu cabelo, eu sei que te faz bem. Mas deixa o vento bagunçar também. Vai, pisa grama. Sente a natureza. Depois se levanta, sobe no teu salto e mostra esse teu brilho. 

Passa batom e abre um sorriso. Vai, entra no palco, pega o microfone e assume o teu lugar. Depois você senta no chão, e convida todos a conversarem. Esse é o seu jeito. E ele é tão especial, filha. Você é fora da média. E somente quando assumir o teu poder, que poderá viver tudo o quê deseja viver. 

Me ouça: se conecte com quem quer crescer. 

Não fique atrás de ninguém. Sim, nós homens somos mesmo diferentes. Nem mais e nem menos. Apenas diferentes. 

Quem quiser estar com você, virá contigo.

Confia. 

Eu sei que você quer ser amada, e sei filha, que minha ausência, e a forma como usei minhas palavras, te deixaram marcas. Também sei que tens se esforçado para curar. Eu causei tudo isso, porque também tenho cicatrizes que nunca foram cuidadas mas, sinceramente, não sei como, ainda nessa vida, poderei esquecê-las.

É temos histórias entrelaçadas. Mas entre sua mãe e eu, os laços foram feitos em nós apertados demais. Por isso, não se culpe. Eu tenho motivos para querer me anestesiar. Nem sinta pena da sua mãe, ela é adulta e escolheu estar comigo, mesmo com as dores que causei. Então sejamos gratos por isso.

Me resta agora, com o tempo que tenho aqui, oferecer mais segurança, amor e palavras doces. Então filha, por favor, não aperte as minhas fraquezas, eu tenho tentado superá-las. 

Seu eu puder falar algo e fazer minha parte é, confie no seu poder interior. Tu és grande. Tu mereces mais! Então, se dê tudo aquilo que esperas. E fale o que você quer:

Quer ser mãe? Decida ser. Teu filho te aguarda.

Decidiu trabalhar com educação? Fale sobre isso, estude, ame o processo, acredite: você já está fazendo parte da transformação!

Colocou na cabeça que quer ensinar: então mova-se, nutra o seu grupo de mulheres. Tem muita gente precisando de você. 

Quer fazer um novo curso? Inscreva-se! 

E o atelier? Vai filha, desenha, compra tinta e pinta de qualquer lugar mesmo.

Desistiu do carro? Compra uma bicicleta e faz dessa atividade algo gostoso pra você.

Quer viajar? Para de esperar algo ou alguém, esse desejo é seu. Leve você mesma para curtir. Veja o dia, reserve um dinheiro, e compre as suas passagens. Não entra em nenhuma limitação.

Quer mais momentos de lazer com as amigas. Escolhe quem está em busca de evolução e liga para ela.

Vai, filha, compra teu jantar. Acende a tua vela. Liga o som e escreve a tua história.

Há tempo para tudo, mas há muito o que fazer nesse espaço de tempo aqui. Começa! A sua história precisa ser vivida.

Você chegou ao mundo por um milagre, e recebeu dons que devem ser utilizados nessa experiência aqui. Se dê amor. Liga aquele “botão” famoso, para algumas coisas e vive. Não desperdice mais essa oportunidade. Viva os sonhos que eu e sua mãe não vivemos,  por estarmos presos em tantos nós. Agora somente você poderá realizá-los.

Não precisa finalizar esse livro e sair correndo, mas também não espera muito, filha. Você é sim, diferente, e por isso mesmo, será muito feliz! Vai fundo nessas ideias rabiscadas em post it coloridos, colados na parede.

Estaremos com você, aonde quer teus sonhos estiverem.

Faz a tua história.

Com amor, seu pai”.

Anna fecha o livro da sua vida e sorrir. Se levanta, corre para trocar de roupa, sentindo uma profunda paz. Sente que a sua pequena criança interior também. Agora ela segue para a sua Jornada de trabalho, com mais clareza do que irá focar e colocar energia.

E você? Como seria se recebesse uma mensagem inesperada de alguém que te ajudasse a contar uma nova historia sobre a sua própria vida?

Arte de sobre(viver)

Imagina um artista que passa muito tempo sem pintar e quando decide pegar no pincel, percebe que a tinta está seca, grudada, enrijecida.

Então ele precisa apertar a tinta. E de tanto segurar, ela simplesmente explode na tela?

Bem, assim serve para nós, que guardamos o que sentimos. As palavras quando não ditas, acumulam-se em nossa mente, impedindo o espaço para novas ideias, novas histórias, novas memórias.

Hoje eu decidi deixar jorrar as palavras presas, para fluirem como as velhas tintas guardadas. Há muito tempo não dou cor na minha vida. E é melhor ter um quadro cheio de cor do que um branco. Certo?

Eis a minha mais nova obra de arte:

Minhas memórias afetivas.

Quando penso na minha infância, a imagem que tem me vindo à mente é de minha avó paterna e de todos os elementos que ela carregava.

Uma mulher de bengala, Que mal Conseguia pisar no chão, que passou mais de 60 anos da vida fazendo cirurgias por conta de um acidente de carro, que ficou viúva com cinco filhos adolescentes. Ela tão cheia de dores, mas tão cheia de cores.

Vovó era artista, criativa, inteligente. Ela era curiosa, interessante, surpreendente.

Até os meus quatro anos de idade, meu quarto foi no atelier de vovó. Ali descobri que ela pintava para expressar seus medos e para enxergar uma uma vida melhor.

Eu lembro do cheiro de tinta, do lápis riscando no papel, lembro dos cavaletes, do cheiro das frutas coloridas, das cores vibrantes, das mulheres pintadas em sua mais verdadeira essência. Lembro das maquiagens que ela usava, dos cílios, dos batons, delineador, das pulseiras de pedras, dos vestidos floridos, dos colares azul turquesa. Vovó levava beleza nas diversas formas para nossa vida.

Pouca gente era sensível para entender a sua arte. Mas eu estava ali, sempre perto, interagindo, experienciando de alguma forma o seu sentir. Eu a observava. Eu a compreendia.

Para os anos que eu viveria sem ela, vovó me preparou. Ela tão intuitiva, feminina, forte. Vovó sabia que nomes que carregamos são mapas para nossa vida e foi assim que ela acrescentou ao meu doce nome Fabiana, a energia da força e determinação da sua bisavó Natalia.

A Arte era uma forma dela sobreviver, de expressar suas dúvidas, medos, incompreensões. Em sua vida faltava ar, em sua obra sobrava cor de mar. Ora calma, ora brava. Ora extrovertida, ora solitária. Vovó era tão autêntica, tão iluminada, tão verdadeira e sensível.

Vovó já partiu faz muito tempo e eu me pergunto como manter sua memória viva em minha vida? Como alimentar a minha criança que vivenciou a escuridão e a criatividade de vovó?

E então rapidamente me vejo ouvindo música boa, sabe? Elis. Gal. Frank Sinatra. Caetano. Me vejo viajando e conhecendo histórias de vida e novas culturas; expressando aquilo que sinto; pintando; desenhando, dançando, criando.

Sei que estimulando outras mulheres sensíveis a pintarem seus quadros coloridos, e que escrevendo crio meu próprio quadro de memórias. Porque são nesses minutos de calmaria, de sentir sem medo, de ficar em silêncio, que transborda vida e conexão com a minha avó.

E assim, a minha intenção é trazer mais beleza para o mundo, através da minha autenticidade, apresentando a minha identidade ora forte de Nathalia ora melancólica de Fabiana.

Hoje, se eu pudesse te dizer algo seria: “em um mundo de sobreviventes, não deixe de trazer memórias, de honrar histórias, de enxergar vida, nesta arte que é viver.

Com amor, Fabiana Nathália.

Laço (ao invés de nó).

Você já se viu vivendo situações parecidas que algum integrante da sua família já viveu? E se algo for desafiador, você se percebe reclamado sobre o quanto não está dando certo? O quanto você fez algo errado?

Somos especialistas em nos colocar para baixo, nos lamentar, procurar um erro. Quanto mais nos criticamos mais estamos criticando os nossos pais.

“…meu pai era assim assim; a culpa é da minha mãe que…”. Ou então vivemos anestesiados achando que não precisamos mudar nada em nós e que temos a família perfeita. Como se perfeição fosse possível.

Ora, meu caro: nem 8, nem 80, já dizia a minha mãe. Aqui é 50 para cada lado.

Somos a união de pai e mãe. Não há como fugir de tudo de incrível e brilhante. E tudo de estranho e escuro.

Por quê então não reconhecemos o nosso brilhantismo e aceitamos a nossa escuridão?

Assim, estaríamos honrando eles, que vieram antes que nós e fizeram o melhor que podiam, por nós.

Por isso hoje, quero lembrar da minha metade pai, e minha metade mãe.

“Do meu pai, aprendi a incrível capacidade de imaginar. De crê no impossível, acreditar em meus sonhos e ir lá, vivê-los.

Contamos histórias mirabolantes. Somos personagens das maiores aventuras. Nós fazemos acontecer, pai. E talvez isso faça com que queiramos ter sempre razão. A gente acredita que vai dar certo. Somos teimosos.

A nossa essência é de criança. Aventureiras, divertidas, engraçadas.

Você comprou uma boneca e a chamou de filha. E eu nasci como a boneca do meu pai. Mas sabe? O incrível é que voce nunca me colocou em caixas de Brinquedos ou me deixou parada ali, em uma estante. Nunca me falou que eu deveria ser somente uma boneca ou me fez aquela velha pergunta limitada que adultos insistem em fazer: “o quê você vai ser quando crescer?”

Talvez porque sempre me viu como uma boneca gigante. E nunca esperou que eu me tornasse alguém: para você eu já era tudo!

Obrigada pai, por mostrar para a boneca, que ela podia ter asas. Só bastava imaginar. E que para voar, ela iria cair, mas jamais deixasse que cortassem as suas asas.

Você sabe: ela caiu. Tropeçou. Despencou. Se quebrou. Precisou aprender a flutuar para desfrutar dos seus voos.

Quem ajudou nos voos, foi os 50% da minha mãe. Em todos os quedas, lá estava ela ao meu lado. Apoiando. Torcendo. Me amando. Me dando calços para eu ter coragem de saltar.

Sabe mãe, de você eu herdei dei o amor incondicional. Somos sensíveis e temos uma força interior inexplicável. Resilientes. Esperançosas. Sorridentes.

A gente sabe se divertir, sorrir e iluminar. Não Gostamos de arrumação e amamos mudar tudo de lugar.

Obrigada, mãe, por nunca falar o que menina tinha que fazer. Por não me obrigar a fazer o que não gostava de fazer. Você sabia. Eu merecia mais.

O meu desejo, mãe, é que você, seja livre e feliz com Sua escolha. Mesmo que eu já tenha te julgado um dia.

O meu desejo, pai, é que você seja livre e feliz com sua escolha. Mesmo que eu já tenha te questionado um dia.

Imagem encontrada na internet sem referência.

É com tempo, que a gente escolhe dar laços, ao invés de nós, nas histórias da nossa vida. E assim, aos poucos todos poderão ser livres e felizes com suas escolhas”.

Desabrochando o meu ser

Eu já voei por muitos lugares, já pousei em outros também. Eu já vivi por onde minha mente limitada jamais imaginou estar.

É que, definitivamente, escolhi viver essa vida terrena aqui, me transformando, me desafiando, mudando qualquer pensamento que ainda me limitem de voar! Nesse caminho foram tantas pessoas, situações, histórias que contribuíram a ser quem SOUL.

E assim, já fui tantas de mim mesma, que não saberia te dar uma definição.

A certeza que tenho é que sair daquilo que me trazia segurança foi um salto para me permitir voos altos. A Segurança da casa, do conforto, do emprego é uma grande ilusão. Afinal, nada aqui é fixo. Tudo muda. E não temos nenhum controle sobre isso. Mas podemos escolher mudar e não nos limitar de viver somente um versão de nós mesmos.

Se movimente e viva tudo aquilo que a sua alma te leva a experimentar.

Verás que nada dá certo e errado. Tudo é como é. Com situações boas e outras que só te farão expandir. Evoluir. Desabrochar.

Essa vida terrena aqui, amigos, tem prazo para acabar. Não perde a chance se ser muito mais do que a média.

https://youtu.be/HqZVXNlno04

Todo mundo

Você já imaginou como seria a sua vida e a das pessoas à sua volta se “todo mundo” deixasse o outro ser livre com próprias escolhas?

Todo mundo acaba esquecendo que os pensamentos tem vibração. E que todo o mundo é, na verdade, uma coisa só. Estamos integrados nesse mundo aqui.

Porque todo o mundo está criando turbulência na sua mente, diminuindo o espaço para os pensamentos mais puros.

Entre certos e errados; bonitos e feios; homens e mulheres; de direita e de esquerda; brancos e pretos, o mundo todo segue criando separação e inconsciência , ao invés de união e expansão.

É no individual que conseguimos transformar. Tenta você, passar um único dia falando sobre suas ideas ou ouvindo verdadeiramente o outro ao invés de fazer comentários “inofensivos” sobre a atitude, a vida, o que o outro faz ou deixa de fazer?

Deixe o outro ser livre para ser quem é. Esse lugar de juiz da vida alheia não te cabe.

Você também tem um monte de defeitos e erra todo dia, mas prefere apontar, para evitar olhar para dentro.

Não adianta ir à igreja, lê a Bíblia, rezar, meditar, agradecer (no automático), se você vive constantemente achando que o que é certo ou errado para você é igual para outro. Cada um tem uma história e vem para esse mundo para viver. Seja lá o que for.

Transformar os nossos pensamentos e comportamentos individuais é parte da NOSSA missão, enquanto vivemos aqui nesse todo.

Cuide de você

Era mais um dia de trabalho. O despertador tocou. Ela, que passara noites chorando, encolhida, cabisbaixa, respirou fundo, levantou-se, caminhou pelo corredor, até chegar à cozinha. Chegando lá, ouviu o despertador tocar novamente. Saiu correndo, de volta, para o quarto.

Desativou o alarme e ao passar pelo corredor, parou em frente a um espelho. Olhou. E ficou ali, se perguntando: por quê?

“Por quê tanto medo, menina? Tanta insegurança?”. O que você quer”?

Como se do outro lado houvesse uma conselheira, ela fechou os olhos e ouviu: “para que você aprenda a confiar mais em você e na magia da vida. A sua sombra enxerga medo. Mas a tua luz vê amor. Faz de tu, essa melhor amiga para te ajudar a relembrar quem tu já és”.

Ela abriu os olhos, e falou: “que linda”. Aquilo soava estranho, afinal foram anos usando o espelho como uma lupa que só encontrava defeitos. Tentou outra vez. Olhou em seus olhos através do espelho e falou: “cuidarei de você, todos os dias”.

Ela sorriu, respirou fundo e foi preparar o café. Depois, sentou-se no sofá, pegou um caderninho, um lápis grafite, e escreveu: “como posso cuidar mais de mim”, em uma tentativa de não mais esquecer.

Sentiu que não podia esquecer, pois ainda nem se lembrava. O papel permaneceu em branco. Ela Terminou o café e saiu para a vida. Quem sabe encontrasse respostas por lá.

Treze dias haviam se passado. Ela tinha mudado, um pouco, a sua rotina. Se deu alguns presentes. Voltou à terapia. Limpou o seu ambiente. Visitou os seus pais. Aceitou um convite para um show. Parece que estava sentindo melhor. Mais leve. Mais calma. Mais presente.

Era sexta-feira. Após um longo dia, ela parou no caminho, comprou uma garrafa de vinho e foi para casa relaxar. Abriu a porta, tirou os sapatos, tomou um banho quentinho, pegou uma taça e sentou-se na varanda. A lua começava a crescer. Ela olhou ao lado e viu seu caderninho.

Começou a escrever conselhos à uma amiga:

“Minha linda, você tem passado tanto tempo querendo que o outro faça tudo de acordo com o seu tempo. Mas amiga, respira. As pessoas podem pensar diferente de você e também te amar. Tudo acontece como deve ser. Solta esse controle. Liberta essa menina ferida. Você é uma mulher, linda! Com diversos desafios superados e muita história para contar. Lembra: tudo aquilo que pedires com o coração, terás. Mas, tu precisas abrir os braços, para receber”.

Aos poucos, ela foi relembrando tudo o que havia feito nesses dias. Fez então, uma lista. E quanto mais escrevia, mais percebia que já estava cuidando de si.

Ela foi até o corredor, ler a sua lista em frente ao espelho.

Eu estou comprometida em:

  1. Me posicionar. Falar o que sinto e o que me incomoda.
  2. Me valorizar. Me amar. Me apoiar. Me escutar.
  3. Chorar para lavar a minha alma.
  4. Me deliciar em minha própria companhia.
  5. Procurar apoio de profissionais na minha jornada.
  6. Fortalecer a minha fé, vivendo aquilo o que acredito.
  7. Sonhar, o mais alto que puder.
  8. Me nutrir de vida.
  9. Deixar meus pais me acolherem e me permitir ser filha.
  10. Me dá os presentes que desejo.
  11. Cuidar de mim, desde quando acordo, até quando for dormir.
  12. Encontrar tempo para me divertir com amigos.
  13. Me dar o prazer que mereço.

Ao terminar, deixou lágrimas cairem em seu rosto. Sentiu que estava, finalmente, sendo para ela, a amiga que gostaria de ter.

É que ela percebeu que quando enxergava a sua luz, iluminava a sua própia sombra, refletindo a sua versão mais autêntica, pura e verdadeira.

Tomou mais um gole do vinho e falou em voz alta: “eu confio no fluxo da vida, porque hoje eu sei quem SOUL”.

E assim decidiu como queria se sentir ao dormir e acordar: cuidando de si.

Para todas as mulheres que estão fugindo da chuva.

Eu sei que em todas as vezes que você quis fugir, era atenção que você gostaria. Mas por não entender as suas emoções, inventou, criou, se atropleu e fugiu. Fugir virou uma proteção.

Mas o que você não sabia é que na natureza, toda ação tem uma reação. Aqui, tudo o que você dar, você recebe de volta. Ao invés de receber a atenção esperada, você recebia o que estava a oferecer: separação.

Eu te acompanho por todos os teus dias e por amor, te digo: são os teus pensamentos, filha, que estão te bloqueando de receber o que você mesmo deseja e sabe, que merece: um dia mágico e cheio de cor.

Mas perceba que, em todas as vezes que a chuva vem, você corre para longe, se cansa, perde o brilho, enxerga o que está te sujando, vê o dia sem cor. A tua vibração vai baixando e o teu corpo, fraquejando. Você não se dá conta de simplesmente levantar o teu olhar: há sempre um arco-irís entre as nuvens, para você apreciar.

Eleve a sua energia diariamente, encontrando tempo para refletir sobre o que é que está te prendendo de falar o que deseja.

Observe: o que você não fala, acumula, vira tristeza e com o tempo, se transforma em raiva. Esse sentimento aí, guardado por anos, décadas, gerações está te dominando, filha. E dominou todas nós. Ele é seu, mas é também de todas as mulheres. Nos ajude, liberando essa raiva.

Encontre um jeito de soltá-la. Peça ajuda. Você sabe quem irá te ouvir com atenção.

Eu mesmo, tenho falado com você através de cada gota de chuva, mas enquanto você estiver fugindo dela, não conseguirá me ouvir. Por favor, minha filha, deixe o espaço aberto para nossa comunicação. Me permita te guiar.

Enquanto isso, se movimente: cuide do seu corpo. Entenda que ele é o teu veículo para você seguir nessa vida aqui. Escolha uma atividade que te coloque no fluxo novamente e aos poucos, veja toda a raiva e toda tristeza que insistem em te acompanhar, irem embora pelo ar.

Pare de se intoxicar com emoções e palavras, vindas de pensamentos acumulados. Ao invés disso: se nutra de tudo aquilo que você quer receber: se dê amor; encontre suas paixões; pense e sinta a prosperidade chegar; se comunique com verdade; se dê a alegria de viver em paz e harmonia. E acima de tudo: respeite-se, minha filha.

Seja coerente em suas palavras, atitudes e ações. Você tem um lindo propósito a cumprir. Mas precisa, aprender a aceitar o tempo de chuva, e compreender que a atenção que você espera, só você poderá te dar.

A chuva passa. O arco-irís vem. Transborde o que você tem. Nós vemos você.

E se eu perder esse trem?

Quantas vezes deixamos de aceitar o que está acontecendo agora em nossa vida, por medo de perder o que “aparentemente” é o certo?

Bem, todos os dias quando acordo, escuto Deus, e ele me diz: “evolua, minha filha”. Esta é a nossa missão aqui.

Evoluir é caminhar, é mudar, se transformar.

E cada vez que me abro, o Universo me mostra um campo infinito de possibilidades para esta evolução.

Nada está acontecendo por um “acaso”. Em tudo existe um propósito.

Não importa o lugar em que estarei. Mudar é o caminho para minha evolução, e assim, o farei.

E mudei.
Mudei de casa. De escola. De país.
Mudei de companhias. De empresas. De profissão.
Mudei corpo. aparência. Pensamento. Comportamento.
Mudei uma. Duas. Três. E quantas vezes minha alma falar comigo. Porque tudo muda. O que não muda é o nosso SER.

Estamos aqui de passagem, mas não sabemos aonde, nem quando iremos desembarcar. Até o destino final, existirão infinitas paradas. Nós escolhemos o que iremos fazer até lá.

Podemos dormir no trem, esperando a hora do desembarque. Podemos olhar pela janela as mais belas paisagens. Mas também podemos nos desafiar: descer e quem sabe perder esse trem.

A vista será completamente diferente.

As histórias serão outras. Mas lembre que ao escolher parar, o caminho será lindo, mas feio também. Será iluminado, mas escuro também. Poderá ser tão congelante, que te paralisará. Ou tão quente, que dará vontade de correr.

Se abra para as possibilidades. Caminhe a sua jornada, no seu ritmo. Expanda. Descubra. Pergunte. Erre. compreenda o lugar e as pessoas. Aprenda com elas. Deixe algo de bom. Evolua e aceite as suas próprias mudanças.

Então volte para os trilhos. Pegue outro trem. E desça na próxima parada novamente.

A vida, amigos, é muito além do que se ver.

Que os nossos olhos estejam vendo além das nossas ilusões humanas.

Com amor,

Fabi.

💜