Para onde quer que eu vá

O despertador toca. Anna, acorda atrasada para mais um dia de trabalho, cheio de obrigações e pouca diversão. Ainda de olhos fechados, procura o celular pra desligar o alarme, mas encontra mesmo um envelope.

Ela abre os olhos, se senta na cama e pega o bilhete, em que estava escrito: “mesmo com pressa para sair, abra a caixa que está no chão”. Ela não faz ideia do que se trata, mas decide abrir. Dentro está um livro sem título.

Anna levanta, prepara um café e se senta com o livro na mão. Abre na página 77 e inicia a sua leitura:

“Amor, você é mais. Você é mais do que as limitações das empresas que trabalhou. Mais livre do que as regras impostas sobre o que é o amor. Você é maior do que a lealdade invisível aos nossos ancestrais. 

Filha, você é grande.

Se expande!

Nem todos irão te acompanhar, afinal você está à frente.

Por isso, fique contente!

Você é leve. 

Então por favor, releve. 

Você é arte, é beleza e inteligência. 

Não aceite mais viver na co-dependência. 

Você já é tudo o que quer que os outros sejam para você. 

Filha, sai de casa, arruma teu cabelo, eu sei que te faz bem. Mas deixa o vento bagunçar também. Vai, pisa grama. Sente a natureza. Depois se levanta, sobe no teu salto e mostra esse teu brilho. 

Passa batom e abre um sorriso. Vai, entra no palco, pega o microfone e assume o teu lugar. Depois você senta no chão, e convida todos a conversarem. Esse é o seu jeito. E ele é tão especial, filha. Você é fora da média. E somente quando assumir o teu poder, que poderá viver tudo o quê deseja viver. 

Me ouça: se conecte com quem quer crescer. 

Não fique atrás de ninguém. Sim, nós homens somos mesmo diferentes. Nem mais e nem menos. Apenas diferentes. 

Quem quiser estar com você, virá contigo.

Confia. 

Eu sei que você quer ser amada, e sei filha, que minha ausência, e a forma como usei minhas palavras, te deixaram marcas. Também sei que tens se esforçado para curar. Eu causei tudo isso, porque também tenho cicatrizes que nunca foram cuidadas mas, sinceramente, não sei como, ainda nessa vida, poderei esquecê-las.

É temos histórias entrelaçadas. Mas entre sua mãe e eu, os laços foram feitos em nós apertados demais. Por isso, não se culpe. Eu tenho motivos para querer me anestesiar. Nem sinta pena da sua mãe, ela é adulta e escolheu estar comigo, mesmo com as dores que causei. Então sejamos gratos por isso.

Me resta agora, com o tempo que tenho aqui, oferecer mais segurança, amor e palavras doces. Então filha, por favor, não aperte as minhas fraquezas, eu tenho tentado superá-las. 

Seu eu puder falar algo e fazer minha parte é, confie no seu poder interior. Tu és grande. Tu mereces mais! Então, se dê tudo aquilo que esperas. E fale o que você quer:

Quer ser mãe? Decida ser. Teu filho te aguarda.

Decidiu trabalhar com educação? Fale sobre isso, estude, ame o processo, acredite: você já está fazendo parte da transformação!

Colocou na cabeça que quer ensinar: então mova-se, nutra o seu grupo de mulheres. Tem muita gente precisando de você. 

Quer fazer um novo curso? Inscreva-se! 

E o atelier? Vai filha, desenha, compra tinta e pinta de qualquer lugar mesmo.

Desistiu do carro? Compra uma bicicleta e faz dessa atividade algo gostoso pra você.

Quer viajar? Para de esperar algo ou alguém, esse desejo é seu. Leve você mesma para curtir. Veja o dia, reserve um dinheiro, e compre as suas passagens. Não entra em nenhuma limitação.

Quer mais momentos de lazer com as amigas. Escolhe quem está em busca de evolução e liga para ela.

Vai, filha, compra teu jantar. Acende a tua vela. Liga o som e escreve a tua história.

Há tempo para tudo, mas há muito o que fazer nesse espaço de tempo aqui. Começa! A sua história precisa ser vivida.

Você chegou ao mundo por um milagre, e recebeu dons que devem ser utilizados nessa experiência aqui. Se dê amor. Liga aquele “botão” famoso, para algumas coisas e vive. Não desperdice mais essa oportunidade. Viva os sonhos que eu e sua mãe não vivemos,  por estarmos presos em tantos nós. Agora somente você poderá realizá-los.

Não precisa finalizar esse livro e sair correndo, mas também não espera muito, filha. Você é sim, diferente, e por isso mesmo, será muito feliz! Vai fundo nessas ideias rabiscadas em post it coloridos, colados na parede.

Estaremos com você, aonde quer teus sonhos estiverem.

Faz a tua história.

Com amor, seu pai”.

Anna fecha o livro da sua vida e sorrir. Se levanta, corre para trocar de roupa, sentindo uma profunda paz. Sente que a sua pequena criança interior também. Agora ela segue para a sua Jornada de trabalho, com mais clareza do que irá focar e colocar energia.

E você? Como seria se recebesse uma mensagem inesperada de alguém que te ajudasse a contar uma nova historia sobre a sua própria vida?

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