Abra suas asas

Exausta, de cabelos molhados do mar, com café quente em uma mão e chocolate amargo na outra, chego na estação de trem atrás de uma tomada pra carregar o celular. Não acho. Sorte a minha, que deixei ver o instagram alheio, para me atentar ao pôr do sol mais brilhante que já vi.

Da janela, um céu laranja e borboletas coloridas voando na mesma direção do trem. Eram inúmeras. Lindas. Únicas. Livres. Leves.

Aquele momento ali, me deu uma vontade incontrolável de sorrir. O coração acelerou. A pele arrepiou.

Tinham “borboletas no meu estômago”. E essa sensação me fez pensar: o quê me fez sentir assim?

Bem, quando eu sou grata me sinto assim. Quando penso no que ainda tenho pra viver, também. Quando me permito sentir e aceito o novo. Quando saio da rotina. Quando enxergo algo por um novo ângulo. Quando experimento uma nova comida. Quando vou à um lugar que nunca havia ido. Quando descubro um novo sabor. Quando ando por um novo caminho. Quando conheço pessoas.

Quando treino boxe. Quando como chocolate. Quando vejo um filme de história real, ouço música, danço samba. Quando vou à praia, tomo cerveja gelada, sinto o vento no rosto. Quando contemplo à lua, o sol ou o mar. Quando escrevo.

Quando enxergo coisas lindas. Quando tenho ideas. Quando tento, arrisco, me desafio. Quando dou asas à minha imaginação. Quando sigo os meus sonhos.

Gente me deixa assim também. Gente curiosa, inteligente, que segue seu caminho. Gente que me entende e entra na minha “onda”. Gente que entrega braços, ombros, sorrisos e olhares também me deixam assim.

Eu me canso do mesmo, é bem verdade. É que não me encaixo em regras, modelos, gaiolas, prisões, limitações. Sou mesmo essa metamorfose ambulante.

Acabo de chegar em casa. Não estou cansada. Sinto uma mistura de frio na barriga, alegria e paz. Respiro profundamente. Sorrio pra o Universo. Agora tenho a resposta para o meu questionamento: foi me sentir como aquelas borboletas.

O quê eu posso te dizer é: deixar de ser uma lagarta, dá medo sim. Mas a vida é tão fugaz, meus amigos, que a coragem de viver precisa ser maior. Por isso, sejam borboletas: “flutuem” nessa jornada aqui, divirtam-se, abram as suas asas e voem o mais alto que puderem.