Eu aprendi a voar

Morar longe de casa foi a minha decisão mais desafiadora até hoje. É preciso muito foco para aceitar que estamos perdendo “temporariamente” coisas importantes.

Para me fortalecer eu só seguia em frente. E falava: “frescura. Eu escolhi, ora!

E de tão focada, não me colocava no lugar do outro e não “aceitava” quem se deixava “levar” pelas emoções; seja pela tristeza, saudade ou pelo medo. “Engole o choro e aguenta”.

“Amanhã passa. Sentimento é para os fracos”. Diza eu, a “Dona Sabe de nada inocente”.

É que no fundo eu também sentia tudo aquilo no meu coração e me perguntava o tempo todo: devo ficar ou devo voltar?

Um belo dia, me vi passando pelo o que eu mais julgava no outro: uma ansiedade inexplicável. Muita falta de ar. Palpitações.

Corri pra rezar. Me sentei. Conversei com Deus. Meditei. Minhas mãos estavam dormentes e eu achei que estivesse em outra dimensão.

Então, incontrolavelmente centenas de “E SE” grudaram na minha mente. “Meu Deus! Como pode! Eu não sou assim”.

Então tomei um vinho. Dormi. Aliviei. Esqueci.

No dia seguinte me vi cansada. Sem forças. Desfocada. “Meu Deus!”. A minha mente me julgava: “Eu não sou assim”.

Então comi besteira. Sai pra passear. Gastei dinheiro. Aliviei. Esqueci.

Voltei para casa com o mesmo vazio e me senti pior por ter sido realmente fraca: não aceitei que poderia sim, sentir.

Automaticamente. Me julguei. Depois olhei para o outro. Encontrei culpados. Voltei pra mim: “O quê estou fazendo?”

No dia seguinte, lembrei que sou humana e que entre uma coach e praticante de meditação, existe um SER aqui com EMOÇÕES. E esse foi meu momento AHA!

Como eu me achava tão emocionalmente FORTE se eu não acessava as emoções? Passava por cima e não me permitia?

Então definitivamente, precisei tirar um tempo pra mim. E entre sentimentos, emoções, dores, recaídas, recolhimento, a gente se reinventa, se redescobre, aprende e evolui.

Me parece que temos medo de ser quem realmente somos ou do que ainda seremos.

Eu sempre quis voar! Fazer o que quiser. Todo nós queremos. Mas é preciso se aceitar. Ter forças. Ser Proativo. Receber o não. Falar o sim. Aceitar as críticas. Seguir focado para realmente sermos quem queremos.

Eu, que sai de casa tão cheia de “preconceitos” precisei voar pra muito longe, para trocar as lentes dos meus óculos” e enxergar o mundo por um outro ângulo.

A essência não mudou, mas os novos “óculos” me fizeram enxergar melhor o que estava embaçado. Vi que não existe uma pessoa forte e outra fraca. Existe alguém que se aceita. Que perdoa quem já foi. Que agradece quem é. E que recebe de braços abertos quem poderá ser.

Porque haverá momentos em que esta pessoa, que pode ser eu ou você, vai sair batendo a asas por aí. E haverá outros em que ela só vai se recolher e descansar.

Tudo bem não estar bem. Não somos o nosso pensamento, nem o nosso sentimento. Porque isso muda o tempo todo.

Não somos fortes porque estamos aparentemente bem e nem fracos porque temos emoções. E isso foi, sem dúvidas, um dos grandes aprendizados desse meu voo livre. Força e fraqueza não tem nada com não sentir. De onde eu tirei isso?

Nessa nossa experiência de VOAR aprendemos a viver o hoje agora. Porque no amanhã a gente realmente não sabe como estarão as nossas asas. Elas poderão nos levar para longe, mas se estiverem grandes demais, ficarão pesadas e não conseguiremos ir a lugar algum.

Por isso, meus amigos, é preciso mesmo responsabilidade para aprender a viver essa TAL LIBERDADE.